segunda-feira, 1 de agosto de 2011

GRande Sertão : Veredas - João Guimarães Rosa


" Diz que  direi ao senhor o que nem tanto é sabido : sempre que se começa a ter amor a alguém , no ramerrão , o amor pega e cresce é porque , de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia , querendo e ajudando, mas , quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente inteiriço fatal, carente de querer, e é um facear com as surpresas. Amor desse , cresce primeiro; brota é depois."

" Aquela mandante amizade. Eu não pensava em adiação nenhuma, de pior propósito. Mas eu gostava dele, dia mais dia, mais gostava. Diga o senhor: como um feitiço? Isso. Feito coisa feita. Era ele estar perto de mim, e nada me faltava. Era ele fechar a cara e estar tristonho, e eu perdia meu sossego. Era ele estar por longe, e eu só nele pensava. E eu mesmo não entendia então o que aquilo era? Sei que sim. Mas não. E eu mesmo entender não queria. Acho que. Aquela meiguice, desigual que ele sabia esconder o mais de sempre. E em mim a vontade de chegar todo próximo, quase uma ânsia de sentir o cheiro do corpo dele, dos braços, que ás vezes adivinhei insensatamente - tentação dessa eu esparecia, aí rijo comigo renegava. Muitos momentos."

" Todos os sucedidos acontecendo , o sentir forte da gente - o que produz os ventos. Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio, se a gente tem amor. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura. Deus é que me sabe. O Reinaldo era Diadorim - Mas Diadorim era um sentimento meu."

( As filosofias de amor de Riobaldo - que achei tão lindas...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.