quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Diego e Frida - J.M.G. Le Clézio




" Em 1928, quando Diego trabalha nos afrescos encomendados pelo Ministério da Educação , pinturas sombrias , inspiradas pelo trágico ônus da Revolução russa, do alto de seu andaime ele vê "uma moça de aproximadamente 18 anos. Ela possuía um belo corpo nervoso, e seu rosto era delicado. Os cabelos eram longos, e as espessas sobrancelhas negras se uniam no alto do nariz, semelhantes às asas de um melro: dois arcos negros encerrando extraordinários olhos castanhos"; e ele não reconhece a criança que o desafiara no teatro.
Embora não tenha acontecido exatamente nas circunstâncias em que o pintor narra, é assim que lhe agrada contar o segundo encontro que sela definitivamente o destino deles, porque se une ao primeiro.Agora, algo mudou. A criança zombeteira que fazia ecoar a voz por detrás das colunas da grande sala Bolívar da Preparatória conheceu os mais extremos sofrimentos e, por sua vez, tornou-se pintora. Queimou etapas para juntar-se ao homem que admirava, de quem decidiu ser a mulher. A pintura, para Frida, é, sem dúvida, antes de tudo, o meio para esse encontro, outro modo, mais forte, mais doloroso, mais audacioso ainda, de empurrar as portas do anfiteatro e irromper na vida daquele que ela escolheu."