sexta-feira, 8 de abril de 2022

SUL DA FRONTEIRA, OESTE DO SOL - HARUKI MURAKAMI

 

 _"Hajime- disse Shimamoto. - Você pode tirar a roupa pra eu ver o seu corpo?

_ Tirar a roupa?

_É. Primeiro você tira toda a roupa. E eu vou olhar o seu corpo nu. Você acha ruim?

_Não, tudo bem. Se é o que você quer- falei.

Me despi diante do aquecedor. Tirei a jaqueta de náilon, a camisa polo, a calça jeans, as meias, a camiseta, a cueca. Quando fiquei nu, Shimamoto me fez ajoelhar no chão. Meu pênis ereto e rígido me deixou constrangido. Ela ficou olhando meu corpo, um pouco afastada. Não havia despido nem o blazer.

_ Acho meio esquisito só eu ficar pelado desse jeito- falei, rindo.

_Você é lindo, Hajime- disse ela. Ela se aproximou de mim, envolveu meu pênis delicadamente com os dedos e beijou minha boca. Depois, tocou meu peito. Dedicou muito tempo a lamber meus mamilos, tocar meus testículos na boca. Beijou todo o meu corpo. Até a sola dos meus pés. Era como se ela estivesse acariciando o próprio tempo. Como se fosse o tempo aquilo que ela tocava, sugava, lambia.

_ Você não vai tirar a roupa?- perguntei.

-Depois- disse ela- Quero ficar mais um pouco assim, vendo seu corpo, te acariciando, beijando, o quanto eu quiser. Se eu tirar a roupa você vai querer tocar em mim, não vai? Mesmo se eu disser que ainda não é hora, não acho que você vai aguentar...

_Acho que não.

_Não quero que isso aconteça. Não quero ter pressa. Já demorou tanto pra gente chegar até aqui. Primeiro eu quero ver todo o seu corpo com estes olhos, tocá-lo inteiro com estas mãos, lambê-lo inteiro com esta língua. Quero me certificar de que é tudo real. Não vou conseguir continuar se não fizer isso antes. Se eu fizer alguma coisa esquisita, não liga, tá Hajime? Eu estou fazendo assim porque eu preciso. Então não fala nada.

_Eu não me incomodo. Pode fazer o que você quiser, o quanto quiser. Só é um pouco esquisito ser observado assim, tão intensamente.

_Bom, você não é meu?

_Sou.

_Então não precisa ficar com vergonha.

-É verdade-falei-Acho que não estou acostumado, só isso.

_Tenha só mais um pouco de paciência. Faz muito tempo que eu sonho em fazer isso- disse Shimamoto.

_Você sonha em olhar meu corpo desse jeito? Ficar de roupa me olhando e tocando assim, nu?

-É- respondeu Shimamoto.- Eu sempre imaginei o seu corpo. Ficava pensando como ele era. Como será seu pinto, quão grande e duro ficaria...

_Por que você pensava nessas coisas?

_Por quê? - disse ela- Por que você pergunta isso? Eu não disse que te amo? Qual o problema de imaginar o homem que eu gosto nu? Você nunca pensou em mim nua?

_Acho que sim.

_Nunca se masturbou imaginando meu corpo nu?

_Acho que sim.Quando era adolescente- falei. Em seguida me corrigi.- Quer dizer, não só na adolescência. Fiz isso outro dia.

_Eu fazia a mesma coisa. Imaginando você nu. As mulheres também fazem essas coisas, sabia?- disse ela.

Eu a abracei novamente e a beijei devagar. Sua lingua se esgueirou para dentro da minha boca.

_Te amo, Shimamoto.

_Te amo, Hajime- disse Shimamoto- Eu nunca amei ninguém além de você. Posso ficar te olhando mais um pouco?

-Pode-falei.

_Que maravilha- disse ela.- Eu podia comer tudinho.

_Se você comesse seria meio chato- falei.

-Mas eu queria- disse ela. Ficou com os meus testículos apoiados na palma da mão por muito tempo, como se quisesse verificar seu peso, e chupou me pênis devagar, cuidadosamente. Depois ergueu os olhos para o meu rosto. -Da primeira vez , posso fazer do jeito que eu quiser?

-Pode. Faz tudo o que você quiser- falei.- desde que você não coma de verdade, fique á vontade.

- Vai ser um pouco estranho, não liga, tá? Não fala nada.

-Não vou falar.

Eu ainda estava ajoelhado no chão. Ela envolveu minha cintura com o braço esquerdo e, com a outra mão, tirou a meia-calça e a calcinha, sem tirar o vestido. Segurou o meu pênis e meus testículos com a mão direita e correu a língua sobre eles. Depois colocou a mão por baixo do próprio vestido. E, enquanto me chupava, foi movendo devagar essa mão.

Eu não falei nada. Cada um tem seu jeito de fazer as coisas. Fiquei vendo seus lábios, sua língua, e os movimentos lentos de sua mão sob a saia.

Estendi a mão e afaguei o cabelo de Shimamoto. Toquei sua orelha, pousei a mão sobre usa testa. Seu corpo estava quente e macio. Ela continuava chupando meu pênis, como se quisesse sugar a vida em si. Sua mão acariciava seu sexo, sob a saia, como se quisesse transmitir alguma mensagem. Pouco depois, eu gozei  dentro de sua boca e ela parou de mover a mão e fechou os olhos. Sugou até a última gota do meu sêmen.

_Desculpa- disse ela.

_Você não tem por que se desculpar.

_Eu queria fazer assim, da primeira vez- disse ela- Fico com vergonha, mas não ia me acalmar enquanto não fizesse isso. Era como um ritual para nós dois. Entende?

Eu a abracei e enconstei meu rosto no seu. O calor da sua pele era inquestionável. Ergui seu cabelo e beijei sua orelha. E então olhei dentro dos seus olhos.Pude ver o reflexo do meu rosto.

_Agora você tira a minha roupa? E, dessa vez, faz do jeito que você quiser, eu fiz do jeito que eu queria, agora você pode fazer o que tiver vontade.

_O que eu quero é bem normal, pode ser? Talvez me falte imaginação...- falei.

-Tudo bem- disse Shimamoto- Eu gosto do normal também.

Tirei seu vestido e sua roupa de baixo. Então a deitei no chão e beijei todo o seu corpo. Olhei todo ele, dos pés á cabeça, toquei-o com as mãos e com a boca. Conferi e guardei na memória cada parte dele. Dediquei muito tempo a isso, sem pressa. Nós havíamos demorado tantos anos para chegar até ali. Assim como ela, eu não queria correr.

Aguentei o máximo que pude e, quando não pude mais segurar, a penetrei devagar.


Abracei-a com força, recebendo seu tremor no meu corpo. Daquela maneira, ela se tornava minha, pouco a pouco. Eu não podia mais me afastar dali."