segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Estepe - Anton Tcheckov


" Todos se puseram a olhar o horizonte e a procurar a raposa com os olhos,mas não viram.Apenas os olhinhos de Vássia podiam ver essas coisas e extasiava-se.Iegóruchka convenceu-se,depois,que a vista de Vássia era extraordinariamente aguda.Via tão bem que a estepe castanha,para ele, estava sempre cheia de vida e de conteúdo.Bastava-lhe fixar os olhos na distância para ver uma raposa,uma lebre ou uma abetarda ou outro qualquer animal desses que se escondem dos homens.É fácil ver uma lebre que foge,ou uma abetarda que voa,essas coisas que qualquer um que viaje pela estepe pode ver,mas não é qualquer um que consegue observar os animais selvagens na intimidade,quando não fogem,não se escondem e não olham inquietos para os lados.Vássia já tinha visto raposas brincando,lebres lavando-se com as patinhas,abetardas estendendo as suas asas preguiçosamente,aves das estepe que acertavam seus "pontos".Graças a essa capacidade visual,além do mundo que todos viam,para Vássia era possível ver um outro mundo seu,inacessecível aos demais e, provavelmente, muito bom, porque quando se punha a observá-lo,extasiado,era difícil não o invejar.
Quando a caravana retomou sua marcha os sinos da igreja chamavam para a missa."

( A Estepe - Anton Tcheckov )

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