"Escuta, Satoru, o que é que tem no fim esse campo? Mais coisas maravilhosas?
Será que vamos viajar juntos outra vez?
Satoru abriu um sorriso e me pegou no colo, para eu poder enxergar até o horizonte na mesma altura dos seus olhos.
Puxa...vimos muitas, muitas coisas mesmo.
A cidade onde Satoru cresceu,
Os campos onde tremulam as plantações de arroz,
O mar, assustador com seu rugido estrondoso,
O monte Fuji, que parece vir pra cima da gente,
A televisão quadrada, tão boa de deitar em cima,
Momo, a gata madura e elegante,
Toramaru, o cachorro de peito tigrado, insolente e obstinado,
A gigantesca balsa branca que engole muitos e muitos carros,
Os cachorros da sala de animais que balançam o rabo para animar Satoru,
O gato persa desbocado que me desejou good luck,
As terras vastas e planas de Hokkaido, estendendo-se até onde a vista alcança,
As flores lilases e amarelas que crescem vigorosas ao longo da estrada,
Os campos de capim que parecem um mar,
Os cavalos pastando,
Os frutos muito vermelhos das soveiras,
Os vários tons de vermelho que Satoru me ensinou a enxergar,
As delgadas bétulas brancas,
O cemitério amplo e fresco,
Os buquês da cor do arco-íris que deixamos lá,
os corações brancos do traseiro dos veados,
O enorme, bem enorme arco-íris duplo desenhado no céu, com os dois pés fincados no chão,
E, acima de tudo, os sorrisos das pessoas queridas."
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