quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Até O Dia Em Que O Cão Morreu - Daniel Galera


"Churras!, ela disse com aquela voz de mongolóide que se usa com crianças e animais de estimação. O cão se aproximou e ela ficou afagando sua cabeça. A situação ia contra a indiferença com que os dois normalmente se tratavam, ela e o cachorro. Eu conhecia bem aquele bicho. Enquanto era acariciado, ele me olhava como se quisesse me fazer entender que se oferecia aos carinhos dela de propósito , que estava abrindo uma exceção. Pode ter sido só impressão minha, mas não importa, essa ideia fez minha garganta contrair e meus olhos ficarem cheios de lágrimas que, por sorte, não se acumularam o suficiente pra escorrer bochechas abaixo.
Não gosto de chorar. Tentei me controlar, e consegui. Assim que se libertou das mãos dela, o cão me olhou uma última vez e voltou apressado pra sala."

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