quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Memórias Inventadas - As Infâncias de Manoel de Barros


" De outra feita ,no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas naquele verbo novo trouxe um perfume de poesia á nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Pois depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler". Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro."

( Memórias Inventadas - As Infâncias de Manoel de Barros - Editora Planeta )

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.