se eu pudesse leria todos os livros que gosto pra ti, como não posso, escrevo as palavras encantadas que me encantaram.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Memórias Inventadas - As Infâncias de Manoel de Barros
" De outra feita ,no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. Eu não disiliminei ninguém. Mas naquele verbo novo trouxe um perfume de poesia á nossa quadra. Aprendi nessas férias a brincar de palavras mais do que trabalhar com elas. Comecei a não gostar de palavra engavetada. Aquela que não pode mudar de lugar. Aprendi a gostar mais das palavras pelo que elas entoam do que pelo que elas informam. Pois depois ouvi um vaqueiro a cantar com saudade: Ai morena, não me escreve/ que eu não sei a ler". Aquele a preposto ao verbo ler, ao meu ouvir, ampliava a solidão do vaqueiro."
( Memórias Inventadas - As Infâncias de Manoel de Barros - Editora Planeta )
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Ah, Se A Gente Não Precisasse Dormir ! - Keith Haring
Diversão - Celebrar a Vida
"Um bando de macacos brinca na copa de uma árvore. Estão pulando e rindo porque a vida é muito divertida. É bom quando aprendemos a gostar de nós mesmos tal como somos e a gostar dos outros porque eles são diferentes e divertidos, cada um do seu jeito. Curtir a vida e os amigos é motivo suficiente pra festejar."
( Ah, Se a Gente Não Precisasse Dormir ! - Henry Haring - CosacNaify )
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Casamento - Adélia Prado
" Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva."
( Casamento - Adélia Prado - Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século - Seleção de José Nêumanne Pinto )
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva."
( Casamento - Adélia Prado - Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século - Seleção de José Nêumanne Pinto )
Assinar:
Postagens (Atom)