segunda-feira, 30 de julho de 2012

A Culpa É Das Estrelas - John Green



"- O que foi ?  - perguntei.
  - Nada - ele respondeu.
  - Por que você está olhando para mim desse jeito?
Ele deu um sorrisinho.
 -  Porque você é bonita. Eu gosto de olhar pessoas bonitas, e faz algum tempo que resolvi não me negar os prazeres mais simples da existência humana. - Um silêncio constrangedor se seguiu. Mas o Augustus quebrou o gelo. - Quer dizer, principalmente porque, como você deliciosamente observou, tudo isso vai acabar em total esquecimento, e tal..."





( Mergulhei nesse livro por três dias. E continuei mergulhada mesmo depois de terminada a leitura, mesmo ele fechado. Porque me apaixonei por Augustus.Porque existe os encontros e despedidas. As realizações de sonhos e a esperança. A espera por respostas. A doença e a morte. A dor. A saudade. E existe os dias que se seguem depois de tudo isso, a vida. E existe a tristeza, e isso não podemos ignorar.E acima de tudo, existe o Amor ).

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Bicicleta Que Tinha Bigodes - Ondjaki



" A Isaura dá nomes de presidentes aos bichos do quintal dela, e porque são muitos bichos , ela sabe nomes de muitos presidentes . Podem ser nomes também de alguns que já morreram ou mesmo outros que não foram presidentes mas pessoas assim importantes.
O gato dela se chama Ghandi, acho que era um senhor tipo indiano ou quê. O cão se chama AmílcarCabral, até lhe chamamos de AmílcarCãobral. A lesma é Senghor, os gafanhotos são Samora, Mobutu e Khadafi, os sapos se chamam Raúl e Fidel. Parece que também deu nomes aos passarinhos mas nunca consegui decorar a lista toda.
Agora é que me lembrei, há um papagaio chamado JoãoPauloTerceiro, filho do falecido jacó JoãoPauloSegundo que tinha morrido na boca do próprio Ghandi. É que o Ghandi, se chamava Tátecher! Só depois de comer os papagaios é que lhe cortaram os tímbalos e ficou mais calmo a miar devagarinho e a não arranhar ninguém.
 Mas eu não posso dizer "tímbalos", nem mesmo "timbalóides", porque a minha AvóDezanove não gosta que eu diga disparates."

O Africano - Le Clézio



" É escrevendo que agora compreendo. Essa memória não é somente a minha. É também a memória do tempo anterior ao meu nascimento, quando meu pai e minha mãe andavam juntos pelas estradas do planalto , nos reinos do oeste de Camarões. A memória das esperanças e angústias de meu pai, de sua solidão, seu abatimento em Ogoja. A memória dos momentos de felicidade, quando eles dois estavam unidos pelo amor que acreditavam ser eterno. Iam então pela liberdade dos caminhos, e os nomes dos lugares adentraram em mim como sobrenomes, Bali, Nkom, Bamenda, Banso, Nkong-samba, Revi, Kwaja. E os nomes das terras , Mbembé, Kaka,Nsungli, Bum, Fungom. As chapadas por onde avança lentamente o rebanho de animais com chifres de lua para enganchar nas nuvens, entre Lassim e Ngonzin.
Afinal de contas, talvez meu velho sonho não me tenha enganado. Se meu pai se tornou o Africano, por força de seu destino, eu, quanto a mim, posso pensar em minha mãe africana, aquela que me beijou e nutriu no instante no qual fui concebido , no instante em que nasci.



( abrir esse livro é viajar para a África. Uma viagem bela, triste e emocionante. Belíssimo livro!)